segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Amor menino


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Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere,
tudo acaba.
 Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais
a corações de cera !
São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal
de haverem de durar pouco, que terem durado muito. 

São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, 
que quanto mais continuadas, 
tanto menos unidas.
 Por isso, os antigos sabiamente pintaram o amor menino; 
porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho.
 De todos os instrumentos com que o armou a natureza, 
o desarma o tempo.
 Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; 
embota-lhe as setas, com que já não fere; 
abre-lhe os olhos, com que vê o que não via; 
e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. 
A razão natural de toda esta diferença
 é porque o tempo tira a novidade às coisas,
 descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta 
que sejam usadas para não serem as mesmas. 
Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor ?! 
O mesmo amar é causa de não amar 
e o ter amado muito, de amar menos.
Será???

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